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12 de julho de 2011


''A água é uma compositora unânime.
Reclama-se da chuva, mas ninguém reclama do barulho da chuva.

A casa de taipa traz a melhor audição. Chuva boa, cheirosa e oleira.
As paredes estremecem de manso.
Somos postos mentalmente naquele berço de madeira antigo, com base abaulada de cadeira de balanço. A mão líquida acaricia o ouvido e nos embala de um lado para o outro da memória.
Na chuva, observar é lembrar.
O vento é uma coberta que nos esfria e a constância das notas aumenta a vontade de permanecer quieto no mesmo lugar. Não se mexer é descobrir que a pedra tem suas alegrias.

Ao contrário da crença popular, o telhado de zinco não ajuda a sinfonia. A hipersensibilidade da superfície atrapalha. Garoa vira tempestade, gota vira grito. É uma invasão, não uma visita. Não diferenciamos as cortinas d’água com as pancadas dos raios. Já vi criança estressada, com insônia, pedindo para ficar na cama dos pais.

Cada um acalenta sua caixinha de ninar..."

(Carpinejar)

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