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29 de março de 2011


“- … Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços”…
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo aos teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo …

Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outro passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo.

A gente só conhece bem as coisas que cativou…”

O pequeno Príncipe – Saint-Exupéry

21 de março de 2011




"O jeito é curtir nossas escolhas e abandoná-las quando for preciso,
mexer e remexer na nossa trajetória, alegrar-se e sofrer,
acreditar e descrer, que lá adiante tudo se justificará, tudo dará certo."

Martha Medeiros

17 de março de 2011


"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"

Caio Fernando Abreu

16 de março de 2011


O Haver

Vinicius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo.

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter.
Essa forte mão de homem,
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
do tempo, essa lenta decomposição poética

Resta essa tristeza diante do cotidiano; ou essa alegria
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos.

Resta essa memória anterior
De mundos inexistentes, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa vaidade de não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.


15/04/1962

A poesia acima foi extraída do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos"

De Beta, por email. Lindo!

‎"E tem gente maravilhosa que, de repente,
vai ficando longe, difícil de ver – e aí dança.
Mas também acho que aquilo que é bom, e de verdade, e forte,
e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde.
E aí lembro de Guimarães Rosa, quando dizia que “o que tem de ser, tem muita força."
- Caio F. Abreu -

14 de março de 2011


"Dentro de você, existem duas teclas poderosas:
Delete e Arquive... Use-as com sabedoria !!!

DELETE: tudo aquilo que não valeu à pena, quem mentiu, quem enganou seu coração, quem teve inveja, quem tentou destruir você, quem usou máscaras, quem te magoou, quem nunca chegou a saber exatamente quem você é...

ARQUIVE: as pessoas reais, que cederam carinho, tempo, palavras, conselhos, a mão, o coração. Pessoas que, de um jeito ou de outro, ajudaram você a ser um pouco melhor, que te fizeram crescer em sabedoria e sentimentos, que te deram amor de verdade..."