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14 de setembro de 2012

"Sopro de energia, dose de guaraná em pó, beijo na boca...de agora em diante, a partir deste ano, fica decretado que todo mês de Julho - mas pode ser junho, agosto, pode ser sempre - quando as almas andarem escuras e as pessoas não se amarem mais, haverá dez ou quinze dias de sol (dependendo do peso da barra a ser aliviado) e luz para que todos enlouqueçam um pouco de prazer. Se possível, que esses dias coincidam com a lua cheia, e se possível ainda, em trânsito por signos doces como Câncer, musicais como Libra, afetuosos como Touro ou divertidos como Sagitário. Nesse período, ficam intimados os humanos a interromper as dores, a esquecer as mágoas, a adiar as dívidas, a perdoar os outros. Ficam intimados os humanos a se tornar suaves, a cantarolar quaisquer canções, mesmo as tolas...
Fica autorizado aos humanos, relaxar um pouco nas suas obrigações. A se permitir ser mais complacente com os outro
s e consigo próprio. Certa preguiça fica autorizada, mas não a ponto de o sono ultrapassar as manhãs, porque grandes energias estarão concentradas nos primeiros raios de sol. Abusar um pouco de cerveja ou de vinho é permitido. E dos sorvetes, dos morangos com chantilli. Aconselhável ver e rever qualquer filme do Woody Allen, e tudo, tudo o que for mais dia que noite, mais açúcar que sal, mais azul clarinho, que roxo ou preto.
Permitidas as paixões devastadoras, os suspiros amorosos, permitidos os amassos, as cantadas, as paqueras e todas as suas consequências - desde que gostosas. Aconselhável vadiar pelas praças, respirar o cheiro de pipoca das esquinas, olhar vitrines, acreditar em Deus, sorrir para desconhecidos, dar interurbanos repentinos, andar de bicicleta, pular corda, girar o bambolê. Tudo isso e muito mais será permitido e recomendável nesses dias em que palavras como crise, inflação e recessão serão sumariamente riscadas dos dicionários.
Será assim, de agora em diante. Que fique registrado em ata. Que se cumpra, que dure fora e dentro de cada um. Amém."

Caio F. em 22/07/1987

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